Poesia

A Poesia alcança as fadas, encanta a chuva na madrugada, acompanha os ébrios nos dormentes e se mistura à solidão nas calçadas.

29 de outubro de 2013

Diálogos adolescentes e chocolate.



No pátio do colégio...

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-Oi Elen, - Disse Jean à amiga
-Oi. - Elen cumprimentou-o com dois beijinhos.
-Preciso urgente de umas respostas. - Ele falou.
- Qual o nome da menina que se despediu de você agora? -Jean parecia eufórico.
- É a Layla
- Já sabia, mas queria confirmar, - Por que você não me apresentou? Estou louco para conhecê-la  melhor.
-Ela estava com pressa. Os pais vieram buscá-la. - Iam  se encontrar com os avós no aeroporto.
- Matando aula! -Disse Jean
- Vai perder as duas últimas aulas, mas pegou autorização e também, está passada nessas matérias. É super estudiosa. - Elen admirava a colega, sempre à frente dos outros alunos. Sabia ainda que a amiga nutria um certo interesse por Jean, porém pediu segredo.
- Por que você não foi atrás dela? Nunca foi de esperar!-
- Sei lá, ela me parece ser diferente das outras garotas. É séria, tímida, tenho que chegar com jeito. Fe falta coragem, é estranho.
-Ah! Tá. Faz de contas que eu acredito. -Elisa estava surpresa.

Layla era uma linda garota, olho e pele claro, cabelos longos com luzes, um corpo proporcional à sua altura. O Tipo que chama a atenção. Bastante tímida, em relação às garotas da sua idade, que não esperam para ver acontecer e literalmente se jogam para cima. Talvez seja este o motivo pelo qual Jean se encontrasse encantado com a menina. - O mistério à sua volta. -A sua personalidade diferenciada das demais. -Algo tão escasso nos dias atuais. Tudo isto deixava Jean intrigado, curioso, e quem sabe apaixonado.

-Fico meio preso quando a vejo. Ela pega o mesmo ônibus que eu no final da aula. Pela manhã, deve vir com o pai. - Eu não a vejo.
-É ela  ela mora no seu bairro. Mas estou te estranhando. - Elen  balançava a cabeça não entendendo mesmo a atitude de Jean que tinha fama de ganhar todas as garotas do colégio.
-Jean, é quase impossível acreditar nisto! Você se apaixonou...
- Tá  legal, mas não se preocupe, amanhã vou chegar junto. -Prometo. -----Na saída.
- Eu torço por vocês. Ela é muito legal- disse Elen batendo a mão no ombro de Jean.
- Mas me fala alguma coisa sobre ela... - Ele estava curioso.
-O que, por exemplo?- A amiga sentia a ansiedade de Jean...
-Fala dos gostos. -O que curte fazer, fala das músicas dos filmes.  Gosta de balada? -Estas coisas. -Me ajuda vai...
- Você ficou careta de repente Jean, está a fim mesmo da Layla, isto é inédito.
 -Bem, ela é Roqueira,
Jean interrompe - Nota-se pelas roupas.
-Parece até contraditório com o perfil suave que ela possui, - continua Elen, - mas curte rock, conhece todas as bandas. Tem coleções de CDs. –Outra coisa: É  chocólatra.
Jean corta a fala da amiga. – Chocólatra, - Que bom saber isto!
 -Gosta de ir a shows de rock, é claro, não gosta de balada.
 Elen continua, quando é interrompida pela sirene do colégio.
Hora de voltar para a sala de aula.
-Te vejo depois disse Jean, bem mais empolgado.

No dia seguinte, de volta pra casa, Jean quase perde o ônibus. Entra apressado e logo avista Layla nos primeiros bancos do lado da janela.
-Oi.  Falou ofegante.
Oi, Ela respondeu.
Posso me sentar? -Já se sentando ao seu lado.
- Claro.
 Layla respondeu, parecendo não dar importância à presença do colega, mas seu coração parecia a Bateria da Beija-Flor de Nilópolis,  ao entrar na avenida. - Conteve a emoção.
Jean respira fundo, tentando iniciar um papo.
-Você é amiga da Elen, não é? Estão sempre juntas...
-Sim. – E você também, - eu sei! Disse Layla, - Ainda trêmula.
- Eu a conheço desde o Ensino Fundamental.
- Que legal, disse layla, mais interessada agora.

Fazia muito calor. Layla tenta abrir a janela, que se encontrava emperrada. - Jean logo se oferece para abri-la, notando a dificuldade da garota. Debruçou-se sobre sua cabeça e sentiu sua blusa esbarrar no rosto de Layla, que sentiu certo arrepio.
O esforço foi inútil. E o calor aumentava à medida que o coletivo seguia pela avenida, cercada de lojas por um lado e residências por outro. Um pouco decepcionado Jean sentou-se novamente.
-Onde você mora exatamente? Perguntou ainda desconcertado.
- Em frente ao Shopping. - Respondeu
- E você?­
- Eu moro um pouco mais acima, perto do hospital.
- Bem mais distante. - Disse Layla.
O ônibus cortava a cidade Satélite de Norte a Sul.
Durante o trajeto, conversaram sobre vários assuntos pertinentes ao colégio, música, viagens, etc. - Sentiam-se muito à vontade, como que se conhecessem há tempos.
Layla ajeitou o material no colo, estava inquieta.
- Não sei se é porque estou com fome, mas estou sentindo um cheiro bom! -Parece  cheiro de chocolate. - Layla fez cara de fome.
-Sério? -Então feche os olhos, - Disse Jean, lembrando-se do chocolate que trazia no bolso.
- Não vai me dizer que você tem um chocolate?
-Feche os olhos. - Insistiu Jean.
Em seguida, puxa uma barra de chocolate do bolso.
-Agora pode abrir os olhos. – Disse Jean. – Em suas mãos, o chocolate derretia.
O papel havia se rasgado.
Os dois se desataram em risos, amenizando a situação desconfortante.
-Meio sem jeito ela perguntou. Há quanto tempo este chocolate está em seu bolso?
-Desde esta manhã. - Comprei especialmente para você.
-Como você soube? – Não precisa responder. – Foi a Elen,- tenho certeza!
-Quem sabe... -Mas você ainda quer este chocolate, mesmo assim derretendo?
- Claro, não consigo resistir, ainda mais com fome. - Os olhos de Layla brilhavam.
 Com as próprias mãos, ela retirou um pequeno pedaço que também começava a derreter. Ele fez o mesmo. -Sobrando um último pedaço.  Comeram igual criança, sujando a boca, mesmo porque não paravam de rir, chamando a atenção dos outros passageiros, na maioria, estudantes.
Jean então ofereceu o último pedaço e o levou até layla, aproximando as mãos de sua boca. A garota, tentando ajudá-lo, acabou por encostar as próprias mãos nas mãos dele. Ficaram muito próximos agora.
- Você é muito linda! - Falou baixinho. - Mesmo com todo este chocolate no rosto.  E de surpresa, - Layla ganhou um carinhoso beijo.
- Um beijo com sabor de chocolate.

Os aplausos que ressoaram dentro do ônibus, não impediram que Jean e Layla  ouvissem os sininhos.

2 comentários:

  1. Que doce história!...deveriam ser assim os meninos e meninas de hoje...será que ainda existem?
    UM ABRAÇO

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  2. Ah esses sininhos !! ouvi-los ou senti-los?
    os dois nos elevam a outros mundos como dos adolescentes.
    E como são lindos!
    Bom de ler Lourdinha _ leve e doce como chocolate.
    meu abraço e carinho

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